O
ensino do futebol tem vindo, ao longo dos tempos, a sofrer alterações no que
diz respeito à sua forma e ao seu conteúdo. Era (e ainda é) frequente ver
treinadores de jovens atletas a ter uma atitude completamente dirigista no que
respeita ao que os seus alunos/jogadores devem fazer nas sessões de treino.
Para
além de existir, por parte dos treinadores, um dirigismo excessivo, o recurso a
exercícios analíticos, completamente descontextualizados do que é o jogo e as
suas necessidades, foi e é também uma prática corrente.
Os
intervenientes (treinadores) no treino de jovens jogadores têm, por norma, este
tipo de comportamentos, o que se poderá justificar ou pela ausência de
conhecimento de outros métodos de ensino ou porque acreditam que esta é
a forma mais eficaz de uma criança – aquele ser pequeno e frágil – aprender.
Creio
que este tipo de comportamento revela um total desconhecimento do
desenvolvimento das criança, pois estas, em idades mais tenras, num espaço de
tempo, tao curto, como os primeiros 18 a 24 meses de vida (estádio
sensório-motor ou primeira infância), passam de um estado de completa
dependência, a realizarem coisas tão importantes e difíceis de fazer como é o
caminhar e o falar. Nos anos seguintes, nas idades compreendidas entre os 5/6 anos até
aos 11 anos, as crianças apresentam uma inesgotável capacidade de aprendizagem.
Compete ao Treinador/Professor “bombardear” os jovens praticantes com a maior
variedade de estímulos possível.
Como
se não bastasse, os Treinadores/Professores, para além de terem uma postura
completamente dirigista, ainda incorriam/incorrem no erro de dar aos jogadores a
solução do exercício proposto. Parece-me, que este tipo de comportamento não
traz consigo a variedade de estímulos suficientes para o desenvolvimento motor
e psíquico que as crianças podem atingir nesta fase de desenvolvimento.
A minha proposta vai no sentido de
que o treinador deve propor um objectivo a atingir, mudando o meio, ou seja,
alterando as variáveis do exercício. Esta nova forma de ensino, denominada de “Descoberta Guiada”, consiste, nada mais,
nada menos, no professor propor um exercício, definir um objectivo e criar as
condições para que os seus jogadores atinjam o fim pretendido. Não deve, em momento
algum, facilitar a tarefa aos mesmos, dirigindo o exercício ou dando soluções… Deverá, assim, permitir que os mesmos errem e quando isso acontecer a atitude a adoptar
será questioná-los se perceberam qual seria a melhor opção a tomar no momento,
perante a situação que o jogo lhes propôs.
O erro assume um papel importante
neste processo de aprendizagem, pois o erro permite aos jovens jogadores a
oportunidade de descobrirem outros caminhos para o objectivo a alcançar. Já no
tocante ao Treinador, o erro permitir-lhe-á efectuar as questões necessárias
para, deste modo, guiar o seu aluno à resposta por si pretendida. Assim, o erro
nunca deverá ser recriminado, devendo-se felicitar o jovem atleta sempre que
este atinja o sucesso.
Acredito que a melhor forma de
ajudarmos os jovens jogadores a atingir o máximo das suas potencialidades é a
de lhe criarmos o maior número de dificuldades possível e não nos deixarmos
cair na tentação de lhes darmos a resposta.
Interessante ponto de vista de um jovem treinador, mas, esta metodologia (Sport Education mMdel - Modelo de Educação Desportiva) que é, à muito desenvolvida sobretudo em contextos escolares, é operacionalizada, com bons resultados aparentemente, desde sempre no modelo das escolas "Geração Benfica", por exemplo, não é própriamente novidade, mas que tem tem imensas vantagens é um facto! Bem hajas André por quereres transportar para a realidade local este teu ponto de vista (paradigma), que de alguma forma tente romper com a perspetiva tradicional d ensino dos JDC.
ResponderExcluirAb.
A.Reis
A.Reis é verdade que a Geração Benfica preconiza este tipo de ensino aprendizagem, pois o seu Mentor, o António Fonte Santa é das pessoas mais percebe deste modelo de ensino, também é verdade que em "alguns" contextos escolares se usa, porem ao percorrer os campos de futebol por esse pais fora se vê que ainda há um longo caminho neste sentido.
ExcluirObrigado por seguires o blog
ABC