sábado, 19 de janeiro de 2013

O Cérebro & Selecção de Conteúdos de Treino



Os constrangimentos e carácter mutável num jogo colectivo, como é o caso de futebol, são de tal forma tantos – bola, adversários, colegas, estratégia, leis de jogo, etc…- que se torna cada vez mais impreterível que exista um melhor recrutamento e desenvolvimento das ligações neuronais dos atletas de forma a obtermos cada vez mais rápido e melhores respostas durante a competição.

 Daniel Goleman refere que o cérebro humano não se encontra totalmente formado à nascença, continua a moldar-se ao longo da vida… porém o período de crescimento mais intenso é durante a infância. As crianças nascem com mais neurónios no seu cérebro do que os que possuirão na fase em que este se encontre completamente amadurecido. Durante os primeiros anos de vida, o cérebro da criança é sujeito a um processo chamado “poda”, em que as ligações neuronais menos utilizadas vão sendo eliminadas, ao mesmo tempo que forma sinapses (ligações nervosas) mais fortes nas ligações neurais mais utilizadas. Este processo de esculpir o cérebro é extremamente rápido (podem formar-se ligações sinápticas numa questão de dias ou semanas), especialmente durante a infância.

Na infância é, então, o período óptimo para desenvolver as sinapses neuronais, onde pode e deve ser aproveitado por pais, professores e treinadores para dotar as crianças de um sem fim de estímulos de modo a terem um rede neuronal bem vasta e evoluída. No que toca à prática desportiva, esta deve ser o mais alargada possível, devendo as crianças praticar a maior variedade possível de desportos. Aquando da iniciação da prática do futebol, entre os 5/6 anos, o ensino deve incidir sobretudo numa grande variabilidade de estímulos do ponto de vista coordenativo.

O cérebro humano é extremamente plástico e adaptativo ao longo de toda a sua vida, mas nada que se compare aos primeiros anos de vida, logo, é necessário ter uma linha bem definida do que se pretende que o atleta aprenda em cada fase de desenvolvimento, para se proceder a uma escolha acertada do tipo de estimulo a que deve ser sujeito.

No que toca ao futebol sénior, o tipo de informação/estimulo que se deve propor aos jogadores deve estar intimamente ligada com o tipo de jogo que o treinador pretende. Nesta fase da vida, a capacidade de aprendizagem e de desenvolvimento de sinapses neuronais é menor do que na infância, logo se se pretende ver materializado em campo uma forma de jogar, é imperativo que se treine precisamente essa forma de jogar.

Atendendo às características que o cérebro humano tem para receber e tratar informação, parece-me a mim que uma boa maneira de potenciar esta capacidade de aprendizagem é a de treinar o mais possível em especificidade.

O treino em especificidade, vai permitir desenvolver e fortalecer sinapses neuronais específicas de comportamentos tipo que o treinador pretende que a sua equipa reproduza em campo. 

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Treino para Crianças e não só, By José Mourinho



Os melhores treinadores do mundo são os que percebem muito de todos os domínios do treino, o futebol dos jovens é também futebol, não acredito que existam só treinadores para seniores ou só treinadores para jovens, existem antes treinadores com mais ou menos conhecimentos e com mais ou menos capacidade de aprendizagem.

A aprendizagem é quanto mim, tanto mais rica quanto mais dispostas estejam as pessoas a aprender, trago uma aula do “Mestre” do treino, para quem estiver disposto a aprender.
( Ver Link´s abaixo)

 




segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

A Escolha do Treinador Principal e a Formação


Quando se fala do futebol formação e da importância que este tem para o seu clube é, quanto a mim, necessário lançar-se um olhar bem cuidado e atento sobre esta temática, antes de determinar a real importância da mesma para o respectivo clube.

É resposta comum ouvir dizer-se que esta área do futebol não profissional é muito importante para o clube, que os “miúdos” são o que o clube tem de melhor, que são o futuro, etc... Já referi que, a meu ver e ainda para mais no panorama económico-social actual, um investimento nos activos do clube pode ser, em muitos casos, a tábua de salvação para os mesmos.

Em cenários de crise, as empresas que normalmente sobrevivem são aquelas que em vez de entrarem em recessão (a fazerem despedimentos ou investimentos de recurso e em cima do joelho), investem na formação dos seus activos e na promoção dos mesmos para quadros superiores dentro da empresa. Este princípio pode e deve ser aplicado aos clubes de futebol, até porque actualmente, muitos deles, já têm uma gestão de cariz empresarial. Assim, o que pretendo transmitir é que os clubes devem investir na formação dos seus técnicos e dos seus jovens jogadores de modo a que todos eles se possam valorizar e, consequentemente, poderem ser alvo de receita para o clube.

Para que tal seja possível, considero ser condição essencial que o clube tenha um modelo a seguir, algo que defina a forma como todas as equipas do clube devem jogar, que defina o perfil das pessoas que integram o projecto de clube. A “cereja no topo do bolo” terá de ser, obrigatoriamente, o treinador da equipa principal.

Quando digo que o treinador da equipa principal deve ser a “cereja no topo do bolo”, é porque este será quem vai abrir a porta de entrada dos jovens provenientes da equipa B ou dos juniores para o plantel principal. Logo a escolha do homem que vai ser uma das caras principais de todo o clube, deverá ser uma escolha criteriosa.

O novo técnico deve, então, ser escolhido tendo em consideração o enquadramento do mesmo na filosofia do clube, ou seja, se é alguém capaz de construir uma forma de jogar para a equipa principal que honre os pergaminhos do clube e que dê continuidade ao trabalho que o clube tenha desenvolvido ao longo de anos na formação, permitindo, desta forma, a manutenção da imagem que o clube pretende para si e que as portas de entrada da equipa principal estejam verdadeiramente abertas para os melhores talentos oriundos da formação do clube.

A entrada dos jovens jogadores no plantel principal do clube é uma forma de validar o trabalho que foi realizado durante anos por pessoas que se encontram na antecâmara do clube e que desempenharam um trabalho meritório. Só estando no plantel principal é que estes jovens jogadores poderão ter oportunidade de jogar, de se valorizarem e serem vendidos, produzindo receita para o clube, com uma vantagem acrescida: só os jogadores da casa são capazes de produzir e conservar a marca do clube, pois são “os filhos da casa” que mais sentem e honram a camisola.

A escolha de um treinador de recurso para o plantel principal raramente se revela um boa opção nem para o plantel principal, nem para a formação do clube. A história está repleta de casos de como uma má escolha para o cargo de treinador principal foi destrutiva para um clube ou selecção de um país