A
construção de uma forma de jogar é algo que requer, por parte de todos os
intervenientes neste fenómeno, uma grande preparação e um conhecimento profundo
dos vários domínios que estão associados ao treino.
É
frequente verificar que os modelos que mais sucesso obtêm são copiados pelas restantes
equipas, recordo-me, no primeiro ano em que o Futebol Clube do Porto, treinado
por José Mourinho, obteve o título de campeão nacional e vencedor da Taça UEFA,
jogava num sistema de 4-3-3 e as restantes equipas apresentavam o 4-4-2 como sistema
táctico mais utilizado. O sucesso alcançado por José Mourinho foi de tal ordem
impressionante para quem tinha acabado de chegar a um clube de top Nacional,
que na época seguinte, grande parte das equipas da Primeira Liga tinham
adoptado o seu sistema táctico.
A
história mostra que após Mourinho, para além de André Villas Boas, ninguém teve
tamanho sucesso numa só época desportiva em Portugal, mesmo após tantos
procurarem copiar o sistema táctico vencedor de José Mourinho.
Actualmente,
e mais uma vez porque foi alvo de um sucesso sem precedentes, o Barcelona de
Pep Guardiola é o modelo que todos desejam, mas sem sucesso copiar.
A
minha reflexão hoje vai precisamente para este fenómeno, o de se procurar
copiar o que com outros teve sucesso. Acredito de forma convicta que se deve
aprender com quem teve êxito. Porém, também acredito que não se podem repetir
êxitos com a mesma fórmula em contextos diferentes, os modelos que tem sucesso
devem, quanto a mim, ser alvo de estudo, olhar para eles com um olhar critico,
ver de que forma é que estes podem ter sucesso num ambiente totalmente
diferente, com interpretes totalmente diferentes, se devem ou não ser alvo de
alterações, de adaptações. Cada homem, cada treinador, é único, um ser impar, o
seu olhar, a sua acção sobre um determinado fenómeno será sempre única,
irreproduzível por mais alguém! Logo, quanto a mim, não faz sentido andar a
tentar copiar na íntegra o que com outros foi um êxito.
Mourinho
jamais seria Mourinho se procurasse imitar os seus mentores! Ele é o treinador
que todos conhecemos porque sempre teve a capacidade de não copiar na, íntegra,
as fórmulas que bem conhecia terem sucesso. O seu espirito critico e a sua
capacidade de absorver e tratar informação, associadas a tantas outras
qualidades que fazem dele o líder de excelência que hoje.
Guardiola,
um homem sábio e profundo conhecedor do seu clube do coração, também não se
limitou a copiar o que os seus antecessores fizeram no clube... inovou, deu o
seu toque tão único e irrepetível, pois Guardiola há só um, só ele consegue ver
através dos seus olhos.
Johan
Cruyff pintou a capela, cabe a cada treinador do Barça a ir restaurando e
melhorando (Guardiola).
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