Desde
os primórdios dos tempos que os grupos sempre sentiram necessidade de que um
dos seus elementos tomasse a dianteira,
indicasse o caminho, que fosse o guia. Este papel era, e é, desempenhado
por alguém com o mais variado dos estilos, dependendo, desde logo, da sociedade
em questão, do tempo em que existiu e dos valores por que se rege.
O
guia ou chefe do grupo tanto podia ser homem como mulher. Invariavelmente,
seria o mais forte do grupo, o mais ágil, o mais inteligente e poderia mesmo
ser o mais idoso do grupo.
O
guia, por vezes, era encontrado de uma forma "natural", ou seja,
tornava-se líder aquele elemento do
grupo que resolvia, com mais frequência, os problemas com o grupo se deparava
no seu dia-a-dia.
A
força foi, desde sempre, uma alternativa às opções acima mencionadas. A
conquista de outros grupos e terras pela força foi uma constante ao longo da
história da humanidade.
A
história revela-nos, porém, que esta forma de conquista nunca se revelou
duradoura, pois os grandes impérios e os grandes exércitos foram sempre
construídos com base em ideais e valores
que, não sendo por vezes os mais correctos, eram aqueles que os líderes indicavam
com o sendo.
Lideres
como Martin Luther King, Napoleão Bonaparte, Mahadma Gandhi ou Adolf Hitler têm
em comum uma enorme capacidade de congregar à sua volta todos os que os
rodeavam... quer fosse pela promessa de um futuro melhor para os seus, pelo
exemplo que estes davam ou pela maneira como inspiravam os seus seguidores.
A
literatura divide a liderança em vários estilos. Estes são agrupados em função
do tipo de recursos ou estilo que o seu líder usa para exercer a sua liderança,
e podem ser:
Liderança
autocrática: também conhecida como liderança
autoritária, aqui o líder toma decisões individuais sem considerar o que os seu
liderados pensam, ou seja, ele define o que se deve fazer e quem deve fazer.
Liderança
democrática: este tipo de liderança permite a
participação por parte dos liderados no processo de decisão.
Liderança
Liberal: aqui o líder permite que os seus liderados executem as
acções de forma autónoma (indiciando ser um grupo maduro e que não precisava de
supervisão constante).
Liderança
Paternalista: aqui os líderes têm uma relação com os seus
liderados de paternidade. Pode ser confortável para evitar conflitos, porém
este tipo de liderança não é adequado numa relação profissional.
No
desporto, tal como em todos os outros movimentos sociais, existe a necessidade
de liderar e ser liderado. O futebol,
sendo o desporto com maior expressão social a nível mundial, também tem
sido alvo de estudo e reflexão no que aos seus líderes e processos de liderança
diz respeito.
Mourinho
e Guardiola são, actualmente, no mundo futebolísticos os lideres mais
mediáticos e apesar de para a imprensa terem uma imagem bem diferente um do
outro, na realidade, no que toca à liderança que estes exercem no seio dos seus
grupos, não são assim tão diferentes. Ambos são altamente mediáticos, ambos têm
uma relação de grande proximidade com os seus liderados, não tendo receio de se
colocarem ao nível dos mesmo, coisa que a maioria dos treinadores não faz com
os seus atletas. A honestidade para com os seus atletas é, também, uma
semelhança entre ambos, os seus atletas sabem o que os seus treinadores
esperam deles e a prova disso é a relação que estes têm com os seus ex-atletas
e com as instituições para as quais trabalharam anteriormente.
A
minha visão de liderança é fruto do estudo, da reflexão e das experiências por
mim vivenciadas Acredito, firmemente, que liderar é, acima de tudo, um
processo de "sedução". Os lideres têm de "seduzir" os
seus liderados para o caminho que estes apresentam como sendo o adequado. Para que
tal aconteça, o líder tem de possuir uma boa oratória, pois o seu discurso tem
que ser fluido e coerente, tem que dar o exemplo sendo o primeiro a seguir o
caminho indicado por si mesmo. Um líder não deve, em momento algum, tratar
todos de forma igual mas sim com justiça, pois não faz sentido aplicar o mesmo
castigo a um atleta que prevarica uma vez e ao que esta constantemente a
fazê-lo.
Os
jogadores devem acreditar convictamente no trabalho que o seu líder lhes
apresenta e na maneira como devem executar a sua missão. Sim, porque o
espírito que deve existir no seio do grupo é que existe, efectivamente, uma
missão a atingir e essa missão (títulos, sucesso, etc…) será tanto mais
facilmente atingível quanto maior for a capacidade do líder em
"seduzir" todos os elementos do seu grupo para este espírito de
equipa e de missão.
Por
outro lado, não acredito em lideranças autoritárias no desporto. Os lideres que
guiam única e simplesmente pela posição que detêm no seio do grupo, não são
dignos de serem considerados líderes e devem ser antes apelidados de chefes,
uma vez que, ser chefe é algo bem diferente de ser líder. O mandar fazer sem
que os seu jogadores percebam o porque não é uma característica de um líder na
verdadeira acepção da palavra, pois os grupos e as pessoas não acreditam no “faz isto ou aquilo porque sou eu quem manda”,
fazem-no porque aquele que dá tal ordem tem, efectivamente, uma posição
superior na hierarquia. Porém, o seu rendimento jamais será tão produtivo ou
rentável como se este acreditasse, verdadeiramente, no que está a fazer, ou
seja, foi mandado e não "seduzido" a fazê-lo.
O
processo de liderar é algo de extremamente complexo e acredito, convictamente,
que a melhor maneira de fazê-lo é o líder "seduzir" os seus
liderados, ou seja, atrai-los para as suas ideias e fazê-los acreditar que se o
fizerem o seu futuro será bem melhor. A promessa de algo melhor para os seus
seguidores deve estar sempre associada à missão a cumprir.
Lideres
"seduzam".
Nenhum comentário:
Postar um comentário